O planeta convoca o ser humano a ser humano

O planeta convoca o ser humano A SER HUMANO. Nenhuma frase que li nesses últimos tempos combina mais com o que estamos vivendo. Gostaria de dar os devidos créditos e agradecer ao autor, mas não consegui identificá-lo.

Cresci ouvindo previsões de guerras mundiais ou catástrofes que viriam por causa do comportamento humano, mas nunca imaginei que algo tão insignificante no tamanho poderia mudar o comportamento mundial. Um bichinho invisível aos olhos fez o mundo parar.

Refletindo sobre esse momento, percebo que o universo já vem há muito nos dando avisos de seu descontentamento com as nossas atitudes: aquecimento global, efeito estufa, chuva ácida e inversões térmicas são apenas alguns deles.

Não gosto de falar que existe um lado bom do coronavírus, não acho que algo que mata as pessoas e elege profissionais para trabalhar até a exaustão pode ser chamado de bom. Mas sim, acho que com cada folha que cai de uma árvore temos que tirar algum aprendizado. E agora, confinados, vamos ter tempo para pensar no mundo,  esse que agora só podemos ver das nossas janelas.

O confinamento em Portugal

Aqui em Portugal as autoridades decretaram o fechamento das escolas e pediram que nos isolássemos dia 13 de março. Tivemos mais sorte que os nossos vizinhos (Espanha e Itália), pois o vírus demorou um pouco a chegar aqui. Assim o governo pôde preparar algum tipo de plano de contenção do vírus com o que viu acontecer além das nossas fronteiras.

O estado de emergência foi decretado dia 18 de março, mas nessa altura grande parte da população de Portugal só saía para o indispensável. É um susto. De uma hora para outra, começamos a viver o inimaginável, ter o direito de ir e vir limitado sem ter cometido nenhum crime. O que me restou foi fazer a minha parte, ficar em casa, ajudar os que estão ao meu alcance e rezar para que tudo isso acabe logo.

Como estou lidando com isso em casa

Apesar de nunca ter imaginado um momento como esse, não posso  falar que estou entediada de ficar em casa, tenho dois heróis cheios de energia para cuidar e alimentar. Fazemos exercícios juntos pela manhã, procuro cozinhar receitas que antes não dava tempo, trabalho e faço cursos online que foram liberados gratuitamente por causa da pandemia. Os dias passam rápido. Tento também manter uma rotina diferente durante a semana e aos fins de semana, isso me ajuda a organizar a mente.

Meus guerreirinhos têm encarado bem tudo isso, na medida do possível. Converso com eles, explico porque temos que ficar dentro de casa e digo que tudo vai passar. Claro que percebo que de vez em quando eles dão algum “defeito”, uma crise de choro diferente, ou até uma frase de adulto “não saia  para não pegar coronavirus!” no meio de uma viagem imaginária no barco de papelão que montaram no meio da sala. Isso já era esperado. Fico satisfeita que eles percebam que algo está acontecendo, porque está mesmo, a vida é real.

Entre as muitas preocupações que tenho nesse período é a minha mãe estar longe, no Brasil. Faço chamada de vídeo todos os dias para ela, assim nos fazemos companhia. Deixo aqui o meu muito obrigada a todos os meus amigos que se ofereceram para ajudá-la nesse momento e fazer algo que seria a minha obrigação. Sem que eu mesma soubesse, ligaram para ela e ofereceram ajuda. Eu realmente escolhi as pessoas certas para chamar de AMIGO.

De alguma forma, me sinto privilegiada. Estou na minha casa com os meus dois guerreiros que enchem os meus dias de atividades e alegrias. Vejo eles crescendo diante dos meus olhos e educo sem pressa. Ensino a matéria que a professora não pode ensinar porque as escolas fecharam de um dia para o outro. Preparo as refeições com calma e escolho cuidadosamente cada nutriente para que seja um prato completo e eles tenham saúde. Brinco, converso, vejo desenhos e estudo com eles. Faço pipoca no fim da tarde, bolo aos fins de semana. E assim os dias vão passando.

O grande aprendizado

Não sabemos quanto tempo tudo isso vai durar, mas de qualquer forma não temos escolha e faremos o que tiver que ser feito. Acredito que como ser humano, tiraremos um grande aprendizado disso tudo. Que todas essas privações, ansiedades e incertezas nos faça dar valor ao que realmente o tem. Que passemos a dar valor para todas aquelas coisas que não ocupam espaço, muito menos podemos comprar: amor, solidariedade, família, amigos, bondade, tolerância, entre muitos outros bons sentimentos e atitudes que moram dentro de nós.

Desejo que quando abrirmos as portas das nossas casas novamente, não esqueçamos de abrir também os corações com a certeza que nenhum de nós é um ser isolado e só conseguiremos ultrapassar esse momento se estivermos todos juntos na mesma direção, a da humanidade!

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