O que aprendi após cinco meses em Lisboa, Portugal

O que aprendi após cinco meses em Lisboa, Portugal.

Parece uma vida. De alguma forma é, toda a nossa nova vida…

Há 5 meses eu, meu marido e meus dois meninos (um com 3 anos e o outro com 6 anos) chegávamos ao aeroporto de Lisboa com 3 malas grandes, 5 caixas enormes e 4 malas de mão. Trazíamos na nossa mudança roupas, sapatos, brinquedos, porta-retratos, alguns talheres e muitos sonhos.

Foram muitos obstáculos superados, despedidas de um lado do oceano e reencontros do outro.

A anestesia da mudança passou, seguimos encarando essa realidade de uma imigração com duas crianças pequenas com mais tranquilidade.

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Viemos em busca de qualidade vida, segurança, boas escolas, todos aqueles motivos que o bom brasileiro bem conhece. Viemos também em busca de “Ser” mais do que “Ter” e ensinar isso aos nossos filhos. Tenho que dar os devidos créditos a minha querida amiga Silvana, foi ela quem me apresentou essa frase que eu incorporei ao meu repertório.

E cá estamos, em Lisboa, Portugal.

Enquanto planejava a mudança fiz inúmeras pesquisas em blogs e sites, por isso confesso que me sinto emocionada por estar hoje do outro lado dessa telinha correndo o risco de ajudar alguém assim como fui ajudada.

Portugal sempre foi nossa primeira opção de mudança. Porque é um país pacífico, com umas das melhores escolas públicas do mundo e por falar a língua portuguesa. Era importante para nós que os nossos filhos entendessem e fossem entendidos, principalmente na escola, local que certamente não estaríamos para auxiliar.

Eu e os meninos temos dupla nacionalidade (brasileira e italiana), o que facilita bastante o documento de residência na Europa. Meu marido batalhou e conseguiu um emprego aqui. Pronto, o quebra-cabeça se encaixou e começamos a maior aventura das nossa vidas, depois de ter filhos, é claro.

Nós viemos decididos de que a nossa nova vida seria aqui. Vendemos apartamento, móveis, cancelamos todos os tipos de contas e vínculos que tínhamos com o Brasil (menos os afetivos, claro!) com a certeza de fincar pé em um novo mundo, na verdade o velho continente neste caso. Tinha que dar certo, nem a chave de casa eu tinha mais, um pequeno objeto que nesse momento tem um grande significado.

Nós não achamos que seria fácil, só que valeria a pena!

Com o que aprendemos nesses poucos meses já posso afirmar que cada noite mal dormida, ansiedades e preocupações com o que iríamos encontrar, a incerteza do novo e abrir mão de tudo o que construímos em nosso país durante anos valeu a pena!

Aprendemos que o idioma não é barreira para a amizade. Lembra no paragrafo lá de cima quando falei que era importante que na escola falassem português? Nós pais nos preocupamos à toa mesmo, vejam só, entre todas as crianças portuguesas e brasileiras da escola (sim, brasileiros no plural, somos muitos aqui!), o meu mais velho escolheu para melhor amigo um menino que não fala português! É lindo ver uma amizade tão sincera com o diálogo a base de gestos inventados por eles. Gestos são universais e compreensíveis em qualquer idioma, nós adultos não sabemos nada mesmo…

Aprendemos que a escola não precisa custar uma fortuna para ser considerada boa, aquela que é de graça mesmo, não trocamos por nada. Posso fazer essa afirmação pois conheço os dois lados da moeda. A adaptação dos meninos nas escolas portuguesas foi feita em uma escola privada.

Aprendemos que andar de ônibus pode ser um baita passeio, mas tem que pegar o lugar mais alto lá atrás! Quando chegamos aqui não tínhamos carro, e muitas vezes a parte mais divertida do passeio era ver a alegria deles diante de um grande carro para os conduzirem cheio de lugares para escolher, não tinha que ser aquela cadeirinha de sempre.

Aprendemos também que fazer um piquenique na grama colecionando gravetos é muito mais legal do que ir a um grande shopping cheio de brinquedos eletrônicos e fast food. Em Lisboa, para qualquer lugar onde vamos esbarramos em alguma praça, parquinho ou área verde onde podemos estender a nossa toalha e aproveitarmos a tarde. Fazemos isso quase todos os finais de semana, seja lá qual for o passeio, acaba em piquenique. Duplamente saudável, além de estarmos ao ar livre, as comidinhas que levamos são feitas em casa a 8 mãos.

Foto: Meninos brincando. Arquivo pessoal.

O que mais me surpreende

É mais divertido a biblioteca do que a brinquedoteca. Impressionante, não sei se foram os ares europeus ou algo que eles escutaram na escola, mas desde os primeiros dias aqui eles pedem para ir à biblioteca. Todas as vezes que perguntávamos: Onde será nosso passeio hoje? Ouvíamos: Biblioteca! Demoramos um pouco para achar uma, acabávamos optando por lugares dos quais tínhamos certeza que eles iriam gostar. Ledo engano, desde a primeira vez em que os levamos à biblioteca o passeio virou obrigatório de 15 em 15 dias. Eles hoje são sócios da biblioteca e a cada quinzena cobram renovar o acervo dos 5 livros aos quais têm direito a alugar (sem custo nenhum) cada vez que vão. Uma graça de se ver.

No campo da história e geografia também não foi diferente

Descobrimos que no Brasil cabem 92 “Portugais”, mas mesmo assim aqui é grande, segundo os meus meninos, e eu também acho. Descobrimos que Marquês de Pombal é muito mais que uma estação de metrô e um monumento para turista ver, ele foi muito importante para Lisboa após ter sido destruída por um terremoto, mas que ele não era muito simpático. A parte da simpatia não tive oportunidade de conhecer, ele morreu em 1872, mas a parte de ser importante é verdade, os livros de historia confirmam.

Aprendemos que o português é a quinta língua mais falada do mundo, mas nós falamos brasileiro. Será que o nosso idioma entra para essa estatística? Os meus dois heróis acham que não.

– É diferente mãe!

E é mesmo, sou obrigada a concordar.

Que venham novas aventuras e aprendizados, estamos prontos!

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