Os brasileiros que vêm para Portugal são de todos os tipos. Até arrisco dizer que construímos um pequeno Brasil além-mar, com todas as nossas inúmeras características sociais e culturais, qualidades, defeitos e costumes. Viemos de norte a sul do nosso Brasil e chegamos aqui com sonhos de todas as proporções. Somos um em cada cinco imigrantes em Portugal, como você pode conferir nesse link.
Nas maiores cidades, como Lisboa e Porto, já é impossível andar pelas ruas e não ouvir o nosso “sotaque”. Ou então ir a um supermercado ou café e não encontrar um conterrâneo, seja consumindo ou fazendo parte do quadro de funcionários. Nas escolas portuguesas também não é diferente. Certamente não conheço todas as escolas daqui, mas todas que pude conhecer ou ouvir falar têm pelo menos um brasileiro matriculado. Na escola dos meus meninos tem tranquilamente mais de 10 brasileirinhos. O que já era de se esperar, pois não? São muitos anos de história desse movimento migratório para Portugal.
O movimento migratório do Brasil buy steroids online para Portugal
Quem não se lembra das matérias bombando nos noticiários brasileiros sobre a grande imigração de dentistas do Brasil para Portugal entre os anos 80 e 90? E não parou. Embora tenha abrandado, a chegada desses profissionais por aqui ainda é grande.
O que os motivou foi a facilidade de se recolocar profissionalmente. Naquela época chegavam e já conseguiam trabalhar. Havia um acordo entre Brasil e Portugal que estabelecia a equivalência direta entre os diplomas. Hoje já é um tanto mais trabalhoso. Em grande parte das profissões é necessário que se faça um “período” do curso em Portugal para “validar” o seu diploma. O meu, por exemplo, na área de comunicação, exige mais um ano de estudo para que eu tenha meu ensino superior reconhecido.
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Mas enfim, vamos caminhar na história.
Depois vieram muitos brasileiros em busca de uma colocação profissional na construção civil, no varejo, no ramo da limpeza e onde mais pudessem trabalhar. Em grande parte vinham sem família para tentar a vida por aqui. Muitos tiveram sucesso, fincaram pé em terras lusitanas, e hoje formam famílias multiculturais luso-brasileiras.
A partir de 2010, com a grande crise financeira na Europa, que tomou Portugal como uma de suas piores vítimas, começamos a atravessar o oceano de volta. Ficou complicado imaginar um futuro promissor por aqui, visto que até os portugueses estavam lutando contra o desemprego.
Mas não demorou para mudarmos novamente o rumo da travessia. Em 2014, com a economia já avistando uma tímida melhora, voltamos a imigrar para Portugal. Foi um período que também veio de encontro com as muitas crises e escândalos políticos no nosso país, quando a população, educação, saúde, segurança já não tinham nenhum tipo de prioridade. Isso trouxe uma triste falta de perspectiva para o nosso povo, que começou a buscá-la bem longe do nosso gigante.
O número de imigrantes cresceu ainda mais nos últimos anos, quando a política do queridinho da imigração brasileira, os EUA, não pareceu assim, muito amistosa. Então miramos com tudo para esse lado do oceano, e para Portugal, é claro! Mesmo idioma, com um inverno não tão rigoroso, cheio de praias, seguro e com uma economia cada dia mais estável.
Mas afinal, quem vem hoje para Portugal?
Por muitas conversas com os meus queridos portugueses e pelo que vejo diariamente, resumo da forma abaixo, mas não exatamente em ordem crescente.
Existem aqueles que têm dinheiro e não precisam se preocupar em ter um emprego de imediato para sobreviver. São pessoas que chegam, alugam ou compram casas grandes, e na sequência abrem uma empresa ou vivem dos seus próprios rendimentos adquiridos durante a vida. Os imigrantes dessa categoria, em sua grande maioria, escolhem Cascais como sua nova morada. Eles já vêm com o visto de residência, ou por dupla nacionalidade ou por consequência dos investimentos que farão no país.
Outra categoria são aqueles brasileiros que fizeram um “pezinho de meia” para a mudança. Vendem o que têm no Brasil para ter uma reserva até se adaptar. Já vêm com emprego, visto de residência e normalmente se estabelecem nas maiores cidades, Lisboa e Porto, ou arredores, onde há mais oportunidade de trabalho.
Depois há aqueles brasileiros que por algum motivo não se encaixaram em nenhum dos tipos de vistos concedidos pelo governo português, porém vêm da mesma forma e tentam se legalizar depois da chegada. Como o brasileiro não precisa de visto para entrar como turista em Portugal, muitas vezes durante os 90 dias de “turista”, se informando bem sobre as leis, pode-se dar entrada nos trâmites para obtenção de algum tipo de visto. Esses imigrantes, na maior parte da vezes, escolhem cidades menores que possuem aluguel e custo de vida mais baixo para se estabelecer.
O número de estudantes brasileiros que chegam aqui também cresce todos os anos. Assim como os incentivos para esse tipo de visto.
E finalmente os aposentados. Esses sim, sabem viver! Vêm com a sua renda e vistos garantidos do Brasil e em sua grande maioria estabelecem-se no Algarve, região de muitas praias, lindas paisagens e clima ameno. Afinal, trabalharam a vida toda e merecem!
Hoje somamos em Portugal mais de 105 mil cidadãos, segundo esse site de notícias. Não é à toa que encontramos nas redes sociais inúmeros grupos de apoio aos brasileiros que querem morar ou moram por aqui. Em uma rápida pesquisa é possível encher uma página de resultados.
Apesar desses grupos terem muitas respostas, cada caso é sempre único e as leis podem mudar de uma hora para outra. Por isso, é sempre mais seguro consultar um órgão oficial, como um dos consulados portugueses no Brasil ou o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).
Esse é o retrato do meu Brasil-Português, tirado por uma mãe mundo afora completamente apaixonada pelos dois países!