As viroses do outro lado do oceano

Virose é um termo pouco específico, que significa doença viral ou infecção provocada por um vírus. Se formos interpretar a expressão viroses ao pé da letra, estaremos diante de um gigantesco grupo de doenças que engloba centenas de infecções virais diferentes, desde as mais simples, como resfriados e verrugas de pele, até as mais graves, como AIDS, raiva, hepatite e ebola. (Fonte: mdsaude.com)

Um tanto assustador, não?

Quando morava no Brasil, meus meninos pegaram algumas dessas e era comum escutar de alguém: “Para os médicos tudo é virose. Se não consegue descobrir o que a criança tem: é virose!”

Bem, como a minha área é comunicação e não medicina, não sei direito quais os critérios para diagnosticar uma criança com virose ou não. Mas sou mãe de dois pequenos-grandes-homens e aprendi rapidinho como os médicos do Brasil e do hospital que frequento em Lisboa costumam lidar com essas temidas viroses.

No início a conduta dos dois, médicos brasileiros e portugueses, é a mesma: esperar de três a cinco dias e, se a febre não passar, ou se a criança não tiver sinais de melhora, voltar ao hospital para investigar.

Quando a criança tem algum sintoma, como dor de garganta ou no ouvido, fica mais fácil diagnosticar. Nesse caso, ambos os países têm a mesma conduta: prescrevem a medicação adequada e logo essa doencinha vira história para contar.

Ah, mas se for a danada da virose não há nada a se fazer a não ser combater os sintomas. Até ai é igual dos dois lados do oceano.

As diferenças

O que vejo de diferente em como os médicos daqui lidam com as viroses é no quesito investigação e exames. 

No Brasil, pelo menos no hospital que frequentava, se a criança chega até o quinto dia com febre é feito exame de urina, de sangue, raio-x e o que mais for necessário para ter certeza qual é a causa.

Já por esses lados do oceano, muitas vezes fazer um exame não é uma tarefa assim tão simples, mesmo dentro da emergência de um hospital.

Enfim, culturas diferentes. Aqui os médicos acreditam até um certo limite que o corpo irá reagir e não é necessário investigar. Muitas vezes eles estão certos, outras vezes uma investigação mais detalhada se faz necessário.

Nossa experiência

Esse final de ano meu mais velho teve seis dias de febre alta, passava dos 39 graus. Fui duas vezes à emergência com ele e o único exame que fizeram foi o de urina. Como deu negativo continuaram afirmando que era uma virose.

Fiquei desesperada, porque a partir desse sexto dia, meu menino passou a vomitar quando tinha febre, o que ainda não tinha acontecido. Meu coração de mãe já me dizia que aquilo não ia passar sozinho. Então recorri ao médico que temos na nossa família no Brasil. Eu não gosto de incomodá-lo, mas tenho que confessar que é uma enorme segurança poder contar com ele.

A partir das análises clínicas, os sintomas e devido à proximidade de uma viagem de avião, que poderia agravar a situação, ele foi medicado corretamente e melhorou. Logo na primeira dose do remédio, UFA!!!

Com o meu pequeno aconteceu uma situação semelhante, inclusive no mesmo período. Na emergência do hospital já passava com a dupla.

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Meu pequeno começou sem febre, mas tinha bastante tosse e coriza. Levei-o ao hospital e disseram que ele tinha a garganta e os ouvidos vermelhos e um anti-inflamatório era o mais indicado. Como ele não tinha febre dei o remédio e acreditei que fosse passar. Mas no dia seguinte da medicação ele começou com febre alta e voltei ao hospital (com a dupla, claro, pois esse foi o mesmo dia que o grandão vomitou por causa da febre), já bem preocupada. O diagnóstico foi o mesmo: virose, anti-inflamatório e esperar.

Isso foi em dezembro do ano passado, dois dias antes de embarcar para o Brasil para passar o final de ano com a família. Esperei a febre do meu pituco ceder até o dia da viagem. Mas a febre não cedeu, apesar de ele apresentar sinais de melhora. Bateu novamente o desespero e incomodamos o nosso médico novamente. Com a medicação correta, enfim ele melhorou!

Não sei dizer se o desfecho dessa história seria diferente se não fosse um final de ano frio de inverno em Portugal, se a ansiedade e a correria da viagem não estivessem presentes, se eles não estivessem trabalhando duro na escola para fazer uma linda e emocionante apresentação de final de ano que fez pelo menos metade dos pais desabarem de chorar de tanta alegria, orgulho e emoção.

É, talvez se não tivesse essa somatória de emoções, acredito sim, que tudo seria diferente. Mas como nunca vou saber, só posso agradecer com todas as minhas forças ter passado lindos 10 dias com a família no Brasil, com meus dois guerreiros brincando e cheios de saúde. Esse sim foi um verdadeiro presente de Natal!

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